terça-feira, 27 de maio de 2014

Pela gravidez sem vergonha

Uma campanha de uma universidade nos EUA chama a atenção para o problema que muitas jovens mães enfrentam atualmente: o direito de amamentar em público. A minha colega Rita Lisauskas que trouxe essa notícia no blog dela (http://t.co/XbbfxorqF0) e eu fiquei muito chocada com a força das imagens dessa campanha e também com o slogan. Você comeria num lugar como esse? Era a pergunta que acompanhava a foto de jovens mães amamentando seus bebês em banheiros públicos, tendo que se esconder do assédio e dos olhares atravessados dos outros.

Como se amamentar não fosse uma coisa natural. 

Não era pra ser tamanha surpresa, mas mesmo estando nessa jornada da gravidez pela segunda vez, lá pela 37a semana (ou seja, quase pronta para o "a qualquer momento") percebi finalmente que me deixei contaminar pelo fato de que - por incrível que pareça - muitas pessoas não encaram a gravidez como uma coisa natural.

Os quilos adquiridos nessa segunda gravidez se alojaram praticamente todos na barriga e nos seios. 

Isso criou uma espécie de barriga gigante em uma pessoa tão pequena como eu. 

De muita gente (a maioria mulheres mais velhas e/ou mães) recebi elogios pela "barriga linda". Mas a maioria dos comentários que ouvi durante essas transformadoras semanas foram de espanto pela barriga gigante. 

No começo eu concordava com os comentários porque a barriga estava grande mesmo, mas chegou uma hora que eles começaram a me cansar, me chatear, me irritar. Sim, era óbvio que o tamanho chamava a atenção, mas eu notava um tom meio apavorado em algumas pessoas, como se a minha barriga fosse uma aberração e não o abrigo de um bebê. 

Fiquei pensando que talvez um problema social atual é que a gente (e até eu me incluo nessa) está mais acostumado a ver o corpo da mulher como objeto do que como aquele "templo" projetado para a maternidade. Magra, gorda, gostosa, fitness, cheinha, anoréxica. Tudo isso parece ser mais normal para a maioria das pessoas do que um corpo de GRÁVIDA, que inclui não só uma barriga saliente, mas pés e mãos inchados, rosto e nariz arredondados, caminhar arrastado e lento, manchas e estrias na pele, e tantas outras modificações que são absolutamente NORMAIS. E que não deveriam ser motivo de espanto ou de vergonha para ninguém. 

Assim como amamentar também não deveria deixar ninguém chocado. Uma vez que seios não foram feitos para preencher biquínis ou para serem preenchidos com silicone. Foram feitos - sei lá por quem ou o quê - para produzirem e oferecerem leite para um bebê.  

A realidade parece estar fugindo cada vez mais da nossa concepção das coisas. Aceitamos tudo o que é moldado, fabricado, mexido, operado, malhado, photoshopado, mas não as coisas como elas realmente são. Essa noção distorcida da realidade cansa e machuca. 



#keepitreal



terça-feira, 13 de maio de 2014

Corre, grávida: 36 semanas, culpa e mãos de homem

Stella e eu chegamos juntas às 36 semanas de convivência. Seriam quase 9 meses já, mas cada um conta semanas de um jeito. Só sei que o cansaço e o esgotamento físico estão atingindo o limite. Definitivamente não há mais espaço para exercícios de qualquer natureza - só de pensar num trote leve, por exemplo, seria o equivalente a completar os 89 km da Comrades. O exercício que mais me consome calorias atualmente é pôr e tirar a Olivia no carro, ou ir do quarto à cozinha de casa. Os dois me deixam sem fôlego.

Parei pra pensar outro dia que o que mais me deixava chateada/irritada com a falta de condicionamento físico era que eu achava que a culpa era minha. Na minha cabeça, estou cansada, inchada, sem fôlego e me arrastando por culpa minha - porque EU engordei demais, porque EU não me esforcei  para controlar a alimentação, porque EU não me exercitei o suficiente.

Mas de uma hora para outra veio um insight: eu estou assim porque estou grávida.

Todos esses sintomas e incômodos fazem parte da gravidez e não adianta me culpar por tudo porque isso não vai resolvê-los.

Minha médica acha que eu sofri mais nessa gravidez do que na primeira. Talvez porque eu mesma tinha outras expectativas para ela, porque eu achava que se dependesse de mim, eu me sentiria ótima o tempo todo e teria aquele pregnancy glow (brilho de grávida).

Mas fiquei foi com um barrigão enorme e com o mesmo ganho de peso da primeira.

E mais. Estou inchando. Minhas mãos doem, algo que eu não senti da primeira vez.

Estou com man-hands.


De madrugada e quando acordo, as mãos estão tão inchadas que parecem de homem. Coisa horrorosa.

Talvez por isso eu tenha dado tanta risada ao rever o filme 'O que esperar quando você está esperando'. Sério, a personagem da Elizabeth Banks é a mais parecida comigo - a que mais sofre e aquela que acha que todas as outras grávidas são mais felizes do que ela.


Essa sou eu - incluindo a coceira - mas com alguns sintomas constrangedores a menos.

"I just wanted the glow..." (Eu só queria o brilho...)

Por enquanto, decidi reduzir o pensamento nas corridas porque, né... vamos dar tempo ao tempo e passar menos vontade.

sábado, 10 de maio de 2014

Mãe recente, ultramaratonista e recordista - ela existe

Liza Howard, ultra-maratonista americana, quebrou um recorde pessoal em abril, nos EUA.

Ela correu a Umstead 100 - uma ultramaratona de cerca de 160 km, em 15h07min. Não só chegou em primeiro entre as mulheres, como chegou em segundo de todos os competidores e bateu seu próprio recorde em ultramaratonas de 100 milhas.

6 meses depois de dar à luz sua filha.

Não posso negar que fiquei chocada com a história. Não só a mulher correu 160 km, como correu bem, correu MELHOR e ainda por cima com o peito produzindo leite!

Detalhe, durante a Umstead 100 ela precisou fazer 3 pausas para tirar leite do peito! E ainda errou o caminho tendo que correu mais de uma milha A MAIS!

Reprodução do blog dela


Fiquei sabendo da história pela Revista Crescer que entrevistou a Liza.

Claro que ela sendo atleta profissional, correndo ultras desde 2009, tem um corpo preparado para a atividade física. Contrariando as indicações médicas, ela correu durante a gravidez, mas em ritmo menor do que costumava treinar. Ela acha que a diminuição do ritmo acabou favorecendo a recuperação de pequenas lesões favorecendo a vitória expressiva na ultra.

A Crescer citou uma pesquisa de 2007, de James Pivarnik, da Universidade de Michigan, EUA sobre as atletas que voltam com tudo e até melhores após a gravidez. Segundo ele, nenhuma alteração física após a gravidez justificou a melhora do desempenho de atletas como a Paula Redcliff (venceu a maratona de NY 10 meses após ou parto) ou a Kara Goucher (bateu recorde na maratona de Boston em 2011 7 meses após o nascimento da filha). Mas psicologicamente elas podem ter mudado sim, como se pensassem "se eu posso ter um bebê, posso fazer qualquer coisa” (aspas da revista).

Mas que fique claro:

- Todo mundo pode correr na gravidez? Não.
- Gravidez é um período em que se pode/deve fazer atividade física? Sim, mas com moderação e autorização médica.
- Qualquer uma pode correr 6 meses depois do parto? Mais ou menos. Primeiro é preciso respeitar o tempo de recuperação do corpo após o parto normal ou cesárea. Depois, é preciso um tempo para que os músculos e articulações, além dos hormônios, se regularizem. Então não adianta sair desembestada - tem que começar com caminhadas leves.
- Dá pra fazer exercícios e amamentar? Dá, mas é meio que um consenso entre os médicos que exercícios de alto impacto e em exagero podem afetar a produção do leite materno - o ácido láctico produzido durante o exercício pode influenciar a qualidade e até o sabor do leite fazendo o bebê rejeitá-lo.


Não sou médica para cravar essas máximas acima. Elas são apenas resultado de pesquisas que fiz e que que eu mesma quero aplicar comigo após o nascimento da Stella para que minha volta às corridas seja saudável para mim e para ela.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Cerveja e corrida... combina?

Tem gente que acha que #gentequecorre é tudo xiita que come, dorme e se exercita só em função de poder correr, mas não é nada disso. Dá pra ter hábitos considerados mais sociáveis e ser corredor sem problema nenhum. Dá até pra curtir uma cervejinha eventual e correr muito... E até quebrar recordes!

Dia 27/04, um cara da Califórnia quebrou um recorde que pode parecer bizarro tanto pra quem corre, quanto pra quem bebe: James Nielsen, ex-atleta profissional, quebrou o recorde dos 5 minutos de uma "beer mile run". Explico: ele correu uma milha (1,6 km) em menos de 5 minutos e nesse período tomou 4 latas de cerveja. Sem vomitar

É uma espécie de desafio que tem até site o beermile.com. O James deu 4 voltas em uma pista de corrida de 400 metros e cada vez que cruzava a linha tomava uma latinha de budweiser em segundos e voltava pra pista. Fez 4 voltas tomando 4 brejas em 4'57". 

Tá aqui o vídeo pra provar. Quem filmou foi a mulher dele, que também é corredora. Mas o local eles não puderam identificar porque é proibido por lei beber em lugares públicos nos EUA.



Mas veja bem, isso não deve ser repetido por iniciantes nem no mundo dos cervejeiros quanto menos do dos corredores.  O James estudou muito sobre a composição da cerveja e os efeitos dela no corpo pra escolher a que tinha menos gás e outros pormenores. O problema todo é que além do efeito inebriante do álcool, a cerveja tem muito gás e ingeri-la seguindo de um exercício de alto impacto é quase uma receita certa para a catástrofe do sistema digestivo. A começar por provocar vômito. 

Além do desafio da beermilerun, existem mesmo corridas que terminam em cervejadas, inclusive no Brasil. Tipo, na chegada vc ganha um copão de breja ao invés de Gatorade. Existem movimentos como o Beer Runners com fãs nos EUA e na Espanha entre outros. 

E maratonista profissional também curte cerveja. O Adriano Bastos, que venceu 8 vezes a Maratona da Disney é outro que adora cervejas especiais (além de um belo hambúrguer). É só ver o instagram dele. É claro que ele não parece ser daqueles beberrões de buteco que descem 10 skol numa sentada, e sim um cara que curte degustar uma cerveja boa aqui e outra ali (além de ter uma genética que o favorece no esporte). 

O que vale na hora de misturar cerveja e corrida é o bom senso: e é claro que a cerveja é um desses prazeres da vida que tem que apreciar com moderação.

Pronto quem sabe agora eu convenço o marido a correr.







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